domingo, 11 de abril de 2010

"Pare, Escute, Olhe"

Recomendo vivamente um saltinho ao Cinemacity de Alvalade para ver o documentário "Pare, Escute, Olhe". No meio de alguns momentos hilariantes, é impossível sair da sala sem se ficar um bocado deprimido... E nem sei dizer o que contribui mais para esse mal-estar (se calhar é mesmo um pouco de tudo): o ar cândido do Presidente Cavaco Silva, perguntando porque é que não nascem mais crianças em Portugal, a troca de olhares embevecidos entre António Mexia e o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates, enquanto juram amor eterno ao cimento ("está quase, só falta o cimento..."), ou a gestão verdadeiramente criminosa que a CP e REFER têm feito relativamente ao seu ganha-pão (e infelizmente, a negligência destas empresas de "serviço público" não se verifica apenas a Norte). Degradar o serviço até ao ponto em que ninguém no seu perfeito juízo o quer utilizar, e com isso alegar falta de utentes e justificar o encerramento de linhas, não é defender o interesse das populações. Talvez seja isto a que se referem os autarcas da região quando falam do "pugresso".




"Pare, Escute, Olhe" retrata uma região transmontana despovoada, vítima de promessas políticas não cumpridas. Na linha ferroviária do Tua, o comboio viaja para uma morte iminente. Em nome da progresso, a construção da barragem de Foz-Tua, ameaça submergir um património único que faz parte da identidade transmontana. "Pare, Escute, Olhe", realizado por Jorge Pelicano, venceu seis prémios nacionais, incluindo Melhor Documentário Português no DocLisboa 2009 e o Grande Prémio do Ambiente no CineEco 2009 em Seia.

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