domingo, 31 de maio de 2009

Momento Poético

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos, "Dobrada à moda do Porto"

sábado, 30 de maio de 2009

O voto em branco

100% de acordo. O voto em branco é fundamentalmente diferente de um não-voto, apesar de muitos discordarem (bolds meus):

"(...) o voto em branco (ou deliberadamente nulo) é, do meu ponto de vista, um voto que me merece a maior consideração. É de alguém que se deu ao trabalho de não ir à praia, que participa na democracia mas que não se revê nos partidos e nas pessoas que se apresentam a votos. O voto em branco é um voto de protesto contra essas pessoas e esses partidos, em concreto. Mas não é um voto contra a democracia ou contra os partidos, em geral, como é a abstenção. Infelizmente, o nosso sistema eleitoral não distingue as duas situações. (...) O voto em branco (não a abstenção) é um voto politicamente consciente e deveria estar parlamentarmente representado por ninguém."

Luís Campos e Cunha na edição de hoje do jornal Público (infelizmente apenas para assinantes).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

quinta-feira, 28 de maio de 2009

PETIÇÃO: "Urge um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço!"

Caro(a) Amigo(a)
Considerando a aprovação em reunião pública da CML, de 27.05.2009, do “Estudo Prévio do Terreiro do Paço”, sem que até ao momento quem de direito (CML e Governo) tenha promovido o indispensável período de debate que um projecto de espaço público desta envergadura exige (por se tratar de um projecto comprovadamente intrusivo, ex. introdução de novos materiais, desenhos e soluções arquitectónicas), facto que é agravado por se tratar do Terreiro do Paço;

E considerando que decorrem a bom ritmo as obras de preparação para a execução do Estudo Prévio agora aprovado, tornando o mesmo irreversível;

Os abaixo-assinados solicitam a quem de direito que proceda, quanto antes, à abertura de um período de discussão pública antes de se iniciar o projecto de execução ou (pelo menos) antes do concurso ser lançado.

OBRIGADO!
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Jorge Santos Silva, Luís Marques da Silva e Júlio Amorim
PETIÇÃO
Urge um debate público nacional sobre o futuro do Terreiro do Paço!
E divulgue!

20.º? A crer, parece que ando no sector errado...

O Ocidente compreende mal as principais necessidades de alguns dos países mais pobres do mundo. A falta de nutrientes vitais na alimentação é uma delas, e a ajuda não custa quase nada

Uma das soluções é distribuir suplementos a pessoas vulneráveis ou fortalecer os alimentos com micronutrientes. Um grupo de economistas destacados elaborou o "Consenso de Copenhaga" sobre as formas de ajuda com melhor relação custo-eficácia e pôs os suplementos de micronutrientes em 1.º lugar (a prevenção da malária estava em 12.º, o saneamento em 20.º e o micro financiamento em 22.º).

(por Nicholas Kristof)

Notícia completa
aqui.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Até que enfim!


Dias Loureiro terá já pedido a sua demissão do cargo de conselheiro de Estado. De acordo com a SIC Notícias, o antigo dirigente do PSD já terá também solicitado uma audiência ao procurador-geral da República.


A falta de vergonha e o incrível sentimento de impunidade (não apenas de Dias Loureiro) é um dos sintomas de que algo muito podre infecta certa classe política/económica deste país (ou "casta", como muito bem identifica Rui Tavares no Público de hoje). Esta demissão já vem tarde. Pelo menos demasiado tarde para prevenir que Cavaco Silva fique muito mal na fotografia. O mais triste disto tudo é que para desencadear esta demissão foi preciso Oliveira Costa perceber que vai ser o único envolvido que irá preso pelo crime, e não ficando contente com isso, ter resolvido acertar contas com os restantes comparsas da pandilha BPN.

Descubra o seu posicionamento no panorama político das Eleições Europeias de 2009

http://www.euprofiler.eu/


PS - Interessante, mas parece que afinal tenho uma aproximação ao MEP que desconhecia... de qualquer forma gostaria e saber em que se basearam para classificar os partidos na sua relação com as políticas e integração europeia.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Será um prenúncio do que se avizinha?

“The first panacea for a mismanaged nation is inflation of the currency; the second is war. Both bring a temporary prosperity; both bring a permanent ruin. But both are the refuge of political and economic opportunists.”

Ernest Hemingway, “Notes on the Next War: A Serious Topical Letter”, 1935


(Cortesia do João Monteiro)

sábado, 23 de maio de 2009

Ontem devia ter visto o Jornal da TVI

Ora aqui está um bom exemplo do estilo "trauliteiro". Estão bons um para o outro.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Gostei

Porque é que, numa negociação laboral, as propostas apresentadas pelos trabalhadores são chamadas "reivindicações" e as apresentadas pelos patrões são chamadas... "propostas"?

Miguel Madeira, no Vento Sueste

Às vezes penso que lhes faria bem umas temporadas em ditadura para porem as coisas no devido lugar

Tolinhos como estes, se realmente soubessem o sofrimento que implicou a vida sob o jugo de um regime fascista (que eu posso apenas imaginar, pois felizmente já nasci em liberdade), provavelmente pensariam duas vezes antes de chamar fascista ao nosso primeiro-ministro. O direito à indignação é algo inalienável e a diversidade de opiniões também, mas o que estes grupos de alunos instrumentalizados fizeram hoje à tarde não é uma coisa, nem outra.

Não devemos nunca perder a noção da história , para não corremos o risco de repetir os erros do passado. Mas enfim, tendo em conta o estilo "trauliteiro" que actualmente parece ser a norma entre nossos representantes políticos (governo e oposição terão culpas no cartório), se calhar eu nem me devia indignar com estas coisas...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Perfeitamente justificado


Deve ser um prémio pelo bom desempenho na identificação dos casos BPN e BPP, para não falar do caso BCP. Ou então uma total falta de vergonha, não sei...


“Aumento de 2,9% na função pública não teria justificação neste momento”, afirmou Constâncio em Abril 

Em Abril, após o Banco de Portugal ter revisto a previsão de crescimento da economia portuguesa para uma contracção de 3,7% este ano – confirmando a pior recessão de três décadas em Portugal – e de ter previsto uma deflação de 0,2% em 2009, Vítor Constâncio afirmou que "é evidente [que a actualização de 2,9 por cento para a função pública] não teria justificação perante uma previsão de inflação de -0,2 por cento".
 

Recordo aqui que o salário de Ben Bernanke (que tem muito mais responsabilidades visto ser o presidente do Banco Central da maior economia do mundo) é de 150.000€ anuais, cerca de cem mil euros inferior (!!!) ao de Constâncio...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

They're coming...



Divulgação


Convite para o visionamento do filme "Elas da Favela", seguido de um debate/tertúlia, a decorrer no dia 21 de Maio de 2009, pelas 17h30, na Biblioteca da Escola Superior de Comunicação Social, Lisboa

E já agora, caso tenham tempo, podem também ir a este, no dia 19 de Maio, acerca do "Empreendedorismo em Portugal - Desafios para o Futuro", no qual a TESE será apresentada como um caso de sucesso.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bela Vista

A tese é conhecida, repetida e aceite como definitiva: os problemas na “Bela Vista” e bairros semelhantes devem-se à “injustiça social”, às questões da “integração” e outros chavões sociológicos. Não nego que esses são temas válidos. Mas é urgente reconhecer que são apenas parte do problema. Muitos destes distúrbios são causados por mera delinquência juvenil – um termo que vai desaparecendo no léxico político e sociológico devido à sua carga negativa. Mas, mesmo que isso seja politicamente incorrecto, urge aceitar que muitas das pessoas que atacam a polícia, incendeiam carros e destroem propriedade alheia não o fazem apenas ou sobretudo porque estão desempregadas, desiludidas com a sua vida ou porque a sua casa tem bolor.



É preciso força policial legitimada; democracia não é a abolição da autoridade; é a legitimação da mesma. E, por outro lado, é preciso requalificação urbana. É parar com os disparates de sempre nestas ocasiões. Ora é problema da crise económica (esquerda), ora é o problema de serem pretos e ciganos (direita). É parar com o disparate, sff.


Henrique Raposo, no Clube das Repúblicas Mortas


Dos cerca de 1500 habitantes do Bairro da Bela Vista devem haver algumas dezenas de delinquentes. É sobre esses que as autoridades deverão actuar, em vez de tratar todo o bairro como um antro de bandidos que volta e meia leva uma rusga policial com as TVs atrás. Nunca foi solução no passado, não sei porque é que continuam a achar que será uma solução no futuro....

domingo, 10 de maio de 2009

Feira do livro 2009 - balanço

Bom, depois de três visitas à edição deste ano da Feira do Livro, vou dar por encerradas as minhas compras. Como sempre, não consegui cingir-me à wishlist e lá tive de comprar mais dois livros para além dos que queria:



Preços simpáticos, e uma imagem renovada para este ano (mais alegre e com mais esplanadas). Gostei!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Terminal de contentores / Nota de imprensa

"Caro(a) Amigo(a)


Congratulamo-nos com a aparente vontade de quem de direito em recuar, mas confessamos a nossa estupefacção pela manchete: "Acabou a guerra dos contentores. Lisboa vai ter um jardim". Isto porque uma coisa é o Projecto Nova Alcântara e outra é o Projecto de Ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara, embora este esteja compreendido naquele.

Ora em nenhum momento as notícias fazem referência clara ao que de facto mudou ou vai mudar no tal projecto, que são dois em um; ou quando foi, ou será, isso decidido, e por quem. Apenas se faz menção ao tal "jardim", que aliás já se tornou um expediente de circunstância sempre que se quer ser "amigo" das populações.

O Nova Alcântara, recordamos, contém uma série de incongruências básicas e algumas omissões sérias (a quase impossibilidade, técnica e financeira, do desvio da linha de Cascais, a questão do leito de cheias, a impossibilidade de facto em se levar por diante o tal projecto das bacias de retenção uma vez que já se construiu no local!, etc., etc.) e continua a parecer-nos ser apenas o "embrulho" necessário ao negócio da ampliação do terminal de contentores e à urgência em levá-lo por diante.

Quanto aos contentores, reafirmamos a nossa posição ab-initio:

Nunca devia ter sido permitida a anterior renovação da exploração em Alcântara. Não deve ser permitida mais nenhuma ampliação nem renovação para o local, e antes, isso sim, aproveitando o hiato do prazo de exploração que ainda decorria, Governo e CML procurarem alternativas técnicas a que, a longo prazo, se permitisse libertar não só Alcântara, mas toda a sua frente histórica, dos mesmos, definitivamente, até porque não faltam bons exemplos lá de fora.

Já em relação à questão dos terminais de cruzeiros, ela é antiga e continua a ser tratada como se fosse uma questão menor. Recordamos ainda o seguinte:

As gares marítimas de Alcântara e da Rocha de Conde d'Óbidos são os locais ideais para ali atracarem os navios de cruzeiros. Por isso foram aí construídas e não noutro local. Os edifícios podem, de facto, ser exíguos e não permitir as condições de conforto e serviço aduaneiro necessárias aos tempos modernos, mas a APL dispõe de muito espaço junto às gares, hoje ocupado por ... contentores, para as necessárias intervenções, pugnado, claro está, pelo respeito à arquitectura e memória do local.

Alfama pode ter um cais secundário mas nunca o que a APL lhe quer fazer: construir um mega-terminal, compreendendo um centro comercial e um hotel, instalações da própria APL, mais um muro de 600m de comprido por 8m de alto, no que seria mais uma séria barreira entre a cidade, os cidadãos, e o rio. Para além disso, o projecto dado a conhecer ao público há cerca de 2 anos, contemplava ainda umas estruturas em passadiço, absurdas e gritantemente agressivas sobre a antiga Alfândega.

Acresce que, paralelamente e a seu bel-prazer, a APL tem quase pronto o alargamento do Cais do Jardim do Tabaco, que consiste em mais uma mega-placa de betão defronte ao rio!!

Pela nossa parte, esta é uma "guerra" que não acabou.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Luís Marques da Silva, João Chambers, António Branco Almeida, Jorge Santos Silva, Artur Lourenço, Diogo Moura, José Arnaud, Alexandre Marques da Cruz e Pedro Gomes
"

(Também aqui)


PS - Como morador em Alfama, encaro o projecto megalómano do terminal de cruzeiros com especial preocupação.

Desabafos... (II)

Depois deste meu desabafo, eis que 2 semanas depois me ligam do tal consulado a pedir que lá vá pois aparentemente há um problema com o meu pedido de visto, e nem sequer me dão uma justificação ou motivo ao telefone!

Hoje, e 2 horas de espera depois, informam-me pessoalmente do que eu já sabia - o pedido aguarda autorização superior(?!), seja lá o que isso for.... parece que na segunda-feira haverá cenas dos próximos capítulos desta novela...

Não sei se isto é parte do sistema de satisfação do cliente "lamentamos muito, o processo está atrasado, mas dizêmo-lo pessoalmente, não queremos algo tão impessoal como um e-mail ou telefone, tratamos os nossos utentes com respeito e dignidade - mesmo que para isso perca 2 horas do seu trabalho para nada!"

Enfim...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Leitura de cabeceira (XV)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Why worry?

Vi este texto em casa de uma amiga e resolvi partilhar.

Why worry?

In this life there are only two things to worry about. Either you will be rich or poor.
If you are rich, there is nothing to worry about. But if you are poor, there are only two things to worry about.
Either you will be healthy or sick. If you are healthy, there is nothing to worry about.
But if you are sick, there are two things to worry about. Either you will live or you will die.
If you live, there is nothing to worry about. If you die there are only two things to worry about.
You will either go to heaven or to hell. If you go to heaven, there will be nothing to worry about.
If you go to hell, you'll be so darn busy shaking hands with all your friends, you won't have time to worry!

SO WHY WORRY?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Feira do Livro 2009 - wishlist

Ainda não tive oportunidade de visitar a edição deste ano da Feira do Livro, mas quero fazê-lo brevemente. Já comecei a fazer a minha lista de compras, que partilho aqui:





Recomendação gastronómica

Confesso desde já a minha ignorância acerca de bons restaurantes em Évora. De facto, com excepção do bem conhecido "Fialho" (onde nunca fui) sou um completo ignorante no que diz respeito a restaurantes Eborenses. Sendo assim, foi uma agradável surpresa ter descoberto uma pérola chamada "Adega Tipica Quarta-Feira", propriedade do Sr. José Dias. Além da simpatia do anfitrião, tenho a dizer que a comida estava divinal, justificando plenamente os 20€ pagos pela refeição. Ali o cliente não escolhe nada: quer a escolha do vinho quer a escolha do que comer fica ao critério do Sr. Dias, e nós apenas temos de nos deixar conduzir (neste caso, muito bem conduzidos). Aos meus amigos Rui e Patrícia, só tenho a agradecer a recomendação. Fiquei fã, e com vontade de lá voltar um destes dias.



(Fonte: Évora Viva)