quinta-feira, 3 de abril de 2008

A ditadura do automóvel

Ando eu a participar num Grupo de Trabalho criado especificamente para a elaboração de um Programa de Execução para os Planos de Melhoria da Qualidade do Ar para Lisboa e Vale do Tejo, e eis que se anuncia a construção de uma TTT com vertente rodoviária que trará diariamente para o centro de Lisboa cerca de 65 mi veículos adicionais... Ou acham mesmo que esta ponte vai desviar um tráfego significativo da 25 de Abril ou da Vasco da Gama?

Mais vias de tráfego conduzem no curtíssimo prazo (1 ano ou menos ) a uma melhoria efectiva das condições de circulação, mas no médio-longo prazo trazem apenas mais congestionamento, uma vez que um maior número de pessoas tenderá a utilizar o transporte individual devido ao aumento momentâneo da sua atractividade. Veja-se o exemplo do IC19 (cada vez mais faixas e mais trânsito) da radial de Benfica (no início muito prática para quem regressava da margem sul, agora está impossível em hora de ponta).

De resto o que muita gente não percebe é que é necessário reduzir o número de carros que entram diariamente em Lisboa devido aos movimentos pendulares casa-trabalho-casa, que têm um impacto brutal em termos económicos e de saúde pública. Isto tendo em conta que em média cada veícuo transporta 1,1 passageiros... uma média que nos deve deixar orgulhosos, concerteza.

Sobre este tema recomendo a leitura dos trabalhos do Britânico Phil Goodwin.

1 comentário:

Antonio Rocha disse...

Acho piada a esta frase:
"Grupo de Trabalho criado especificamente para a elaboração de um Programa de Execução para os Planos de Melhoria da Qualidade do Ar para Lisboa e Vale do Tejo"
É muito funcionalismo isto... Só falta 1 grupo de trabalho que escolherá a equipa de desenvolvimento para desenhar o programa preliminar de operação do programa de execução para os planos de implentação do plano de melhoria da qualidade do ar de Lisboa e Vale do Tejo e freguesias associadas...
Gosto...