Paulo Santos, no Cachimbo de Magritte:
"Há algo no PEC que me incomoda seriamente, mas tenho visto pouco comentado. Esse algo é a opção por cortar nominalmente prestações sociais, mas não mexer nos salários da função pública. De facto, o PEC fala em colocar limites ao RSI (que não se disputa ser algumas vezes mal atribuído), fala também de rever a relação entre o salário líquido e a prestação do subsídio de desemprego (rever, entende-se, em baixa), fala por fim em congelar nominalmente alguns tipos de prestações sociais (as não-contributivas) até 2013. E o que diz dos salários da Função Pública? Diz que serão "congelados" ... em termos reais. Congelados em termos reais é sinónimo de admitir que ainda podem subir em termos nominais. É também sinónimo de não sofrerem qualquer corte. Acho perfeitamente incrível que o Estado Português tenha escolhido cortar na sua função social, antes de cortar nos salários da sua estrutura."
Pois é... Os pensionistas e os desempregados não berram tão alto (nem descem a Av. Liberdade), e certamente não votam em massa. Afinal o estado existe para servir as pessoas (e cumprir a sua função social mais básica), ou apenas para servir quem para ele trabalha? Ainda para mais sabendo-se que os salários mais altos pagos na função pública ascendiam no final do ano passado a 3.364 euros mensais, quase oito vezes mais que os 450 euros pagos a outros funcionários do Estado.
Nenhum Partido Socialista poderia alguma vez concordar com uma medida deste tipo. No entanto, está mais que visto que este PEC é unicamente para agradar ao FMI e aos nossos credores (que no fundo, já são quem manda nas nossas contas... é o que dá ficar a dever muito dinheiro aos outros). Aliás, suspeito que daqui a uns tempos iremos ficar a saber que a redacção do documento nem sequer teve a mão do governo...
sexta-feira, 19 de março de 2010
Só acho estranho mais ninguém ter reparado nisto
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