quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Maior fraude de sempre num Banco

Jérôme Kerviel vai ficar na história, mas não pelos melhores motivos:

"A Société Générale descobriu este fim-de-semana que um seu empregado andou a fazer apostas secretas à revelia do banco. A fraude do "trader" que trabalha na unidade em Paris do SG, vai custar 4,9 mil milhões de euros ao banco francês, que já anunciou um aumento de capital para regularizar a situação."

(Fonte: Jornal de Negócios)


Este "trader" assumiu posições em futuros de índices de acções europeias, violando os limites impostos pelo banco francês.
O problema foi descoberto no fim-de semana, obrigando o banco a fechar estas posições no mercado no início desta semana, provocando uma força vendedora tal que levou os mercados europeus a cair mais de 6%!

Começa a haver explicação para a brutal queda de 14% no índice Eurostoxx50 em 3 dias. Ironicamente,
estas quedas terão conduzido em última análise ao maior corte de taxas de emergência da história por parte da Reserva Federal Americana.

Há coisas fantásticas, não há?

5 comentários:

César disse...

Acho que és a pessoa indicada para me explicares se o meu instinto está certo ou não:

o facto dos americanos terem baixado as taxas não é apenas um adiar do problema, que se aproveita do movimento de mercado gerado pela baixa de preços para aumentar a confiança dos investidores e impedir que as bolsas entrem em colapso?

De economia, mais ainda no que diz respeito aos grandes mercados e mercados internacionais, não percebo muito. Mas fazer um post a explicar os motivos da baixa de preços e os cenários de futuro próximo era serviço público, lá isso era... se estiveres disposto a isso, claro.

abraço

Sara SC disse...

Belo post este!!

Mas devo dizer-te...fantástica é tb a celeridade com a wikipédia é actualizada...os prós e os contra da sociedade global ;)

Anónimo disse...

Caro César, não sendo de modo algum especialista em economia, deixo aqui a minha opinião:

O FED resolveu aplicar a receita de 2000, quanto estoirou a bolha das dot.com, reduzindo as taxas de juro para níveis baixíssimos durante demasiado tempo. O resultado foi um novo motor para estimular a economia (consumo), via acesso fácil ao crédito e barato, taxas baixas, e uma nova bolha, desta vez na habitação. Os bancos acabaram a conceder crédito a quem efectivam ante não podia pagar (os chamados NINJAS = no income no job no assets) que davam como colateral apenas o valor das habitações (crédito subprime). O problema surgiu quando O FED voltou a subir gradualmente as taxas de juro, o que aumentou de forma exponencial os níveis de crédito mal parado.

Baixar as taxas de juro novamente será bom a curto prazo, mas é como apagar a fogueira com álcool. Os níveis de endividamento vão continuar a crescer, e a bolha irá rebentar lá mais para a frente, só que com maior impacte. Por outro lado, a baixa das taxas de juro (bom como o pacote fiscal do presidente BUSH) significam implicitamente que o Governo Americano e o FED optaram por fazer com que TODOS os americanos paguem a crise, via esse imposto escondido chamado aumento da inflação.

Por outro lado, está-se também a penalizar efectivamente quem adquiriu casa de acordo com as suas possibilidades e não se endividou em excesso, e de premiar quem adquiriu habitações que não tinham condições de pagar (bem como as instituições financeiras que estimularam este comportamento, algumas das quais em situação normal já teriam falido). É um facto moralmente condenável, e também transmite outro sinal aos agentes económicos: os bancos poderão fazer os disparates que quiserem, pois terão a "mão amiga" do FED para os salvar de situações de falência potencial. Mais valia alguns bancos falirem e os restantes aprenderem a lição. Assim, adia-se o problema…

César disse...

"Baixar as taxas de juro novamente será bom a curto prazo, mas é como apagar a fogueira com álcool".

Obrigado, Pedro. Bem me parecia que era exactamente isso. E no entanto, toda a gente - entenda-se, jornais da especialidade - assobiam de felicidade. Por todo o lado, propagandeia-se "as bolsas voltaram a registar subidas, blá blá blá". Achas normal? Eu nem por isso. A minha questão, e o motivo pelo qual ta fiz, eram os seguintes: tentar comparar a situação económica actual com a verificada no início do séc. XX e saber se, sei lá, lá para 2029 nos espera alguma coisa interessante, no que diz respeito a choques petrolíferos, e crashes de bolsas, e tal...

Obviamente que não percebo o suficiente para fazer uma observação sustentada acerca disto. Mas, assim muito à superficialidade, que parece muito dar ares de "déjá vu", parece...

Anónimo disse...

Provavelmente 1929 não se irá repetir, por dois factores:

1) O FED e restantes Bancos Centrais (como o de Inglaterra que injectou milhões de £ no Northern Rock, mesmo sabendo que não existem garantias de crédito no banco) não deixarão falir milhares de bancos como em 1929-32, optando-se por nacionalizá-los e trasnferir a dívida para os restantes contribuintes;

2) Actualmente, o dinheiro em circulação já não está restringido ao padrão ouro, o que faz com que seja possível aos Bancos Centrais imprimir dinheiro de uma forma praticamente infinita, o que fará com que o impacte seja sentido, mas de forma talvez mais atenuada.