quarta-feira, 21 de maio de 2008

Aumento dos combustíveis

Tenho recebido nos últimos dias uma enxurrada de e-mails sobre o não abastecer nos dias 1, 2 e 3 de Junho na Galp, na Repsol e na BP.

Para além de encarecidamente vos pedir para não me encher a caixa de correio com este spam, venho também convidar-vos para fazerem umas contas comigo:


Preço do crude - evolução

WTI spot
(barril de crude em NY) no ultimo dia útil de 2006: $60,85
WTI spot no ultimo dia útil de 2007: $95,95
WTI spot em 16/05/2008: $126,50

(Fonte: http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/rwtcd.htm)

Câmbio EUR/USD no ultimo dia útil de 2006: 1,317
EUR/USD no ultimo dia útil de 2007: 1,4721
EUR/USD em 20/05/2008: 1,565

Logo:
WTI spot no ultimo dia útil de 2006: 46,20€
WTI spot no ultimo dia útil de 2007: 65,18 €
WTI spot em 16/05/2008: 80,83 €

Conclusão 1:
Em 2007 o crude subiu em euros 41%. Este ano já subiu mais 24%, como se pode ver no gráfico abaixo.




Preço dos combustíveis - evolução

Relativamente aos combustíveis, os preços de venda ao público (euros) em final de 2006, final de 2007 e em 16 de Maio de 2008 são os seguintes:

Gasolina S/chumbo 95
29/12/2006 - 1,224
28/12/2007 - 1,358
16/05/2008 - 1,461

Gasóleo
29/12/2006 - 1,006
28/12/2007 - 1,179
16/05/2008 - 1,358

(Fonte: Direcção Geral da Energia e Geologia)

Conclusão 2:
Em 2007 a gasolina 95 subiu 11%. Este ano já subiu mais 8%.
Em 2007 o gasóleo subiu 17%. Este ano já subiu mais 15%.


Como se pode observar, o preço de venda ao público dos combustíveis em Portugal, embora tenha vindo a aumentar não tem acompanhado, nem de perto nem de longe, a escalada do preço do crude. Esta diferença tem sido feita à custa da diminuição das margens de refinação, neste caso da Galp, pois o peso dos impostos, embora tenha vindo a aumentar em termos absolutos, não o tem feito em termos relativos (no caso do gasóleo passou de 47% em Dezembro de 2006 para 45% em Maio de 2008, e no caso da gasolina passou de 62% em Dezembro de 2006 para 58% em Maio de 2008).


Portanto meus senhores, nós não estamos a ser roubados! O que se passa é que temos vindo a assistir a um aumento significativo dos preços do crude nos últimos anos, que certamente veio para ficar, pois este é um recurso finito e cada vez mais escasso.

Em termos do preço dos combustíveis antes de impostos, Portugal está dentro da média da UE (no caso da gasolina, encontra-se um pouco acima). Contudo, o grande drama é que Portugal é vizinho da Espanha que vende ao público combustíveis a preços muito mais baratos (devido ao IVA a 16% e ao ISP mais baixo) o que faz aumentar dramaticamente esse fosso aos olhos dos portugueses. Para mim faz todo o sentido manter esta fiscalidade, pois só assim se garante que quem usa o transporte individual como meio de transporte predominante pague o custo efectivo das externalidades decorrentes do impacte ambiental da poluição com origem nos escapes dos automóveis.

A solução passa mesmo pela mudança de hábitos, recorrendo menos ao uso do automóvel particular nas deslocações em que tal não seja absolutamente necessário. Da minha parte, desde o início do ano que passei a vir de transportes para o trabalho. Demora mais tempo, mas é mesmo muito mais barato e bastante menos poluente.

1 comentário:

j. manuel cordeiro disse...

Não tenho assim tanta certeza que possamos comparar os aumentos do crude e os dos produtos finais. Qual é o rendimento da matéria prima em termos de gasolina/gasóleo/etc? Sem este dado as comparações são inválidas.