quarta-feira, 9 de julho de 2008

Contas de merceeiro (II)

Depois de se ter prestado à patetice de andar a visitar hipermercados para verificar se as empresas tinham adequado os preços de venda à nova taxa de IVA a 20%, eis que inefável Ministro Manuel Pinho vem garantir que pedirá explicações à Galp por causa do preço de uma botija de gás butano que pelos vistos continua igual ao do mês passado. A coisa até mete a ASAE ao barulho e tudo!

(Fonte: http://www.thinkfn.com/forum/files/galp_gas_179.jpg)


A menos que estejamos a falar de um produto com preço tabelado, não existe qualquer obrigatoriedade de reflectir a baixa do IVA nos preços. Esta é uma decisão dos comerciantes e não do consumidor final. Sabendo que os consumidores estão disponíveis para pagar um valor final correspondente ao IVA a 21%, é até normal que os comerciantes mantenham esse nível de preços.

Se o objectivo do Governo fosse o de garantir um benefício final ao nível dos consumidores , a única medida adequada seria descer o IRS!

5 comentários:

Rik disse...

Tens razão quando dizes que não é obrigatório que os comerciantes desçam os preços.

Agora diz-me, justifica-se que os comerciantes aumentem os preços base para manter o preço final? Não achas que o governo/clientes devem combater este aumento dos preços que vai levar a uma inflação estupida? Sim porque não penses que quando os custos de produção (caso das gasolineiras por exemplo) aumentarem, eles vão reduzir a margem de lucro.

E para além disso, medidas destas já não são novas: o caso dos ginásios há pouco tempo.

Anónimo disse...

Rik,

Num mercado em que os preços são livres e não regulados por qualquer decreto-lei, quem tem de pressionar as empresas a baixar preços não são os Governos por melhores que sejam as intenções (tal só é compreensível em caso de monopólio regulado). Os grandes responsáveis pela diminuição dos preços teremos de ser nós, os consumidores.

Se consideram que não se justifica esta prática, os clientes da GALP só precisam de procurar alternativas e mudar para as marcas que tivessem um comportamento mais “decente”. Implica é ter o trabalho de ir procurar um local de venda alternativo, e isso muitos Portugueses não estão dispostos a fazer.

Sara SC disse...

Eu faço isso precisamente com a gasolina. Todos os fins de semana, lá vou eu atestar na bomba da ESSO e garanto que ao fim do mês a poupança que faço aqui se reflecte na carteira. E cm eu mts mais o fazem...a avaliar pelo n.º de carros q se acumulam neste posto!

Rik disse...

Pedro, claramente não percebeste o que eu estava a dizer. Obviamente não estava a falar de regular os preços com decretos-lei.

Agora põe-te no lugar do governo: lanças uma medida em que abdicas de 1% para reduzir a carga sobre os consumidores. Se todas as empresas mantiverem os preços, então o governo está a dar 1% às empresas.

Isso é lamentável e é a evitar a toda a força e é natural que o governo/consumidores tentem evitar isso.

Anónimo disse...

Rik, eu percebi a tua argumentação, mas de facto tu estás a partir de uma premissa errada, e a maioria dos Portugueses também o faz.

Em Portugal e para uma série de coisas (ver o caso dos Ginásios, por exemplo), existe a ideia formada de que os outros são obrigados a fazer-nos a vontade. Tipo "desceram os impostos, tens que descer o que me cobras pelo serviço/produto!".

Esta ideia é falsa, e o Governo sabe-o bem. O objectivo deles (Governo) não foi o de baixar os preços ao nível do consumidor, mas tão só e apenas de oferecer um "rebuçado" aos eleitores em ano pré-eleitoral.

No limite, as empresas até poderiam ver o IVA reduzido a 0% e manter os preços tal como estavam anteriormente. Era legítimo, embora não fosse necessariamente justo.

Mas repara, se os preços ficassem iguais sem impostos, o que acontece é que uma série de gente começava negócios para concorrer com as empresas chico-espertas, criava-se emprego, e de seguida os preços desciam.

E aí sim, o consumidor final ficava a ganhar.