terça-feira, 6 de janeiro de 2009

É de louvar esta iniciativa

A Câmara de Lisboa discute quarta-feira o novo plano de mobilidade para a Baixa, que proíbe o trânsito automóvel vindo da Avenida da Liberdade e que atravessa aquela zona da cidade. Segundo a proposta conjunta do presidente e do vereador Manuel Salgado, o novo plano de mobilidade, que foi apresentado em Dezembro, prevê "um corte na ligação da Baixa à frente ribeirinha" para o tráfego automóvel, à excepção dos transportes públicos.

De acordo com este novo conceito de mobilidade, todo o trânsito particular que chegue à Baixa proveniente de Norte, do Rossio ou do Marquês do Pombal terá que voltar para trás quando chegar ao último quarteirão da rua do Ouro. A ideia, segundo explicou em Dezembro o presidente da autarquia, António Costa, é "alargar o espaço para peões e bicicletas" na zona ribeirinha e no Terreiro do Paço, que passa a ficar com as duas vias que ladeiam a praça (a nascente e poente) livres de trânsito.

(...)

Na proposta que levam à reunião de Câmara, António Costa e Manuel Salgado lembram a degradação da qualidade do espaço público da Baixa pombalina e da frente ribeirinha entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré, incluindo a Praça do Comércio, e sublinham a necessidade de reduzir o tráfego de atravessamento da Baixa, que está na origem dos elevados níveis de ruído e poluição do ar. "Esse intenso tráfego (...) origina situações de insalubridade e desconforto para quem ali reside e trabalha", lê-se no documento, que acrescenta que os próprios comerciantes apontam esta situação como penalizadora para a sua actividade.

Citando o "Relatório Baixa-Chiado - proposta de revitalização", de Setembro de 2006, elaborado pelo Comissariado da Baixa-Chiado, a proposta de Costa e Salgado destaca uma das conclusões: reduzir drasticamente o tráfego de atravessamento na Baixa-Chiado é uma condição indispensável à reabilitação sustentável, tanto económica, como social e ambiental da zona.

Se for aprovada quarta-feira, a proposta do novo conceito de circulação para a Frente Tejo seguirá para apreciação pública, para recolha de sugestões, por um período de 30 dias úteis.


É de louvar esta medida, sobretudo se for efectivamente implementada. É um passo que se dá no sentido de devolver alguma qualidade de vida a quem mora e a quem usufrui do centro da cidade de Lisboa, aliás à imagem do que já se faz em diversas capitais europeias, com sucesso assinalável. Menos congestionamento, melhor serviço do Transporte Colectivo Rodoviário (e menor número de imobilizações dos eléctricos, lembram-se deles?) menos ruído e poluição.

Tendo em conta tudo isto, continuo sem conseguir compreender a ideia muito enraizada entre nós de que a restrição à circulação de veículos é algo que prejudica o comércio de bairro, e de que carros em andamento fazem compras... É exactamente o contrário, as zonas pedonalizadas são muito mais propícias ao comércio e serviços (ver por exemplo a Rua Guerra Junqueiro, ou mesmo o Bairro Alto como casos de sucesso). Agora é óbvio que o comercilo local terá de aproveitar estas oportunidades para se reinventar, ao invés de continuar anquilosado e agarado a práticas do século passado (refiro-me a horários, qualidade do atendimento, e atractividade no geral). Se se mantiver tudo na mesma, não tenho dúvidas de que daqui a uns tempos também veremos cartazes a afirmar algo como "A EMEL está a matar Alfama", que infelizmente me é bastante familiar...

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