quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sondagem

Desde já os meus agradecimentos ao João por me indicar esta sondagem. Vale o que vale, sobretudo vindo de onde vem, mas... o meu voto é coincidente com o da maioria.

"O crédito malparado atingiu um novo máximo de sempre. De quem é a culpa?

40.80% - Dos consumidores, que insistem em viver acima das possibilidades.

25.36% - Dos bancos, que emprestam dinheiro a qualquer pessoa, mesmo sem garantias.

33.84% - Do Governo, que não toma medidas para travar esta situação."

Via Agência Finaceira.

Engraçado é ver tanta gente a culpar o Governo... continuam a existir pessoas que insistem em tratar os cidadãos como criancinhas que não sabem decidir por elas próprias. Ninguém apontou uma arma à cabeça dos consumidores. Em primeira análise, eles são responsáveis por saber que estilo de vida é que podem suportar. agora vir o Governo "safar" quem se endividou em demasia é pura e simplesmente penalizar os consumidores que tiveram cuidado em manter um nível de despesas de acordo com as suas possibilidades, passando a mensagem "É pá, gastaste demais? Não faz mal, a gente safa-te!" (um pouco à imagem do FED ao reduzir as taxas de juro nos EUA, mas isso já são contas de outro rosário...)

Mas os bancos não podem fugir às suas responsabilidades: não se pode facilitar o acesso a crédito da forma como o têm feito (já recusei várias propostas de crédito pré- aprovado enviado pelo meu banco), é pura e simplesmente irracional e insustentável. O recurso a refinanciamento, alargamento de prazos e outros mecanismos tem contribuído para o atenuar da situação, porque senão estaríamos bem pior.


1 comentário:

Al Katifah disse...

Os cidadãos não são crianças - certo. Todos concordamos - mas em 2002 com o juro a 2% não havia nenhum banco a explicar ao cidadão (que não é uma criança, mas que em média não tem o background de economia e finanças que seria necessário para uma análise de longo prazo)que o juro poderia, em 5 anos, ser mais do dobro e que isso implicaria um nivel de esforço de X. E porquê?
Essa é facil. Citando Jornal de Negocios esta semana: "BES aumenta lucros em 60%, para os 500 milhões de euros"; "CGD tem o melhor semestre da história da banca em Portugal"... é preciso continuar?
Facto - as pessoas vivem acima das suas possibilidades impelidas para o consumo por uma envolvente que os condiciona muito a isso.
Facto - os bancos não são as instituições mais claras do universo
Facto - o Governo tomou algumas medidas (arrendondamento à milésima , tecto superior de 0.5% em amortizações totais), mas poderia tomar muitas mais em termos de gestão de informação e comunicação relativa a produtos/serviços bancários relevantes e regulamentação da relação existente entre a banca e o cidadão, na tentativa de a tornar mais clara.

A banca não é estupida - não empresta dinheiro sem garantias. Apenas assume um risco elevado e indexa um spread brutal a esse empréstimo.
Uma estatistica interessante seria divulgarem os valores do crédito mal parado em duas categorias: capital a amortizar e juro+spread.
O valor iria ser bastante interessante.
Em suma - voto na opção 4.
"O Governo, por discriminar positivamente a banca relativa as outras empresas e não legislar de uma forma clara a relação dessa banca com o cidadão. Também culpado por não apostar em acções de divulgação massificadas relativas aos perigos do crédito, explicando de um modo simples e detalhado todas as componentes do processo"

Cumprimentos.