segunda-feira, 28 de julho de 2008

Prémio Camões 2008

Bem sei que vou atrasado, mas não quero deixar passar em branco a entrega do Prémio Camões 2008 ao escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro. Da sua bibliografia, li apenas um livro, já lá vão uns 7 ou 8 anos (se a memória não me falha): A Casa dos Budas Ditosos. A polémica que na altura rodeou este livro apenas serviu para me aguçar a curiosidade, e realmente não dei o meu tempo por mal empregue, pois foi das coisas mais marcantes que li até hoje. Se é porno-erótico ou não, isso já cabe a cada leitor decidir. Mas deixo aqui uma pérola retirada do livro, quando a autora se refere aos Portugueses em geral (e a um em particular):

«Em suma, os americanos eram uns merdas simpáticos, só eram bonitinhos mas não sabiam trepar, e a maioria, quando queria dizer um palavrão, dizia God e Jesus, imagine um povo que achava palavrão dizer Deus e Jesus, tudo ligado ao puritanismo deles, usar Seu santo nome em vão, essas coisas. (…)
Eles trepavam e diziam oh God, oh God, só me lembra um português, Nuno, um português lindo que foi meu caso uns tempos, José Nuno, lindo. Aliás, fode-se muito bem em Portugal, apesar do que eu suponho ser a opinião generalizada. Mas eu quase nunca gozava com o Zé Nuno, porque, no momento culminante, ele urrava “não t’acanhes, não t’acanhes!”, e meu ponto G acionava um disjuntor no ato, eu entrava em crises de riso e depois roçava na bunda dele, ele adorava, embora fosse machíssimo e todo português, inclusive os veados – paneleiros, para ficar com a usança portuguesa e emprestar alguma cor local à narrativa -, os paneleiros que se juntam nos arredores do Campo Pequeno, onde se fazem ash curridash d’toirosh em L’shboa e vão trabalhar como forcados, que são uma espécie de veados parrudos que vão enfrentar os touros no peito. Em fila, trenzinho, um encostando a bunda no de trás, naturalmente. E depois vão às tascas, aos copos e à veadagem, são veados machíssimos. Vi muitas belas bundas em Portugal, que lá não são chamadas de bundas, mas de cu mesmo, que lá nem é palavrão, veja como são as coisas, grande país subestimado.»

(Texto gentilmente roubado daqui)


Vá pessoal, aproveitem o hype e vão às livrarias comprá-lo (ou pelo menos dar uma espreitadela envergonhada...)

3 comentários:

grão de pó disse...

não me lembro de livro algum ter circulado mais depressa entre 9 ou 10 pessoas, nos idos tempos de faculdade, hehehe.

agora, só com essa amostra, não daria o passo entre a curiosidade e o prémio camões.
talvez mereça uma segunda volta de análise.

ah, e gostei particularmente de um comentário do próprio ubaldo: "eu sabia, entretanto, que mais cedo ou mais tarde eu ganharia o prémio".

Anónimo disse...

Olá, Pedro. Cheguei aqui através do link. Vou fazer um post linkando para cá. Olha, fiquei morrendo de inveja - no bom sentido - do seu novo ap, isso porque também ando nessa fase de mudança. Felicidades para você!

Anónimo disse...

Obrigado pelo comentário, Paula. Fico à espera desse post, então :). E já agora, boa sorte para a sua mudança também!