quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem não chora não mama (II)

Depois das cenas lamentáveis que temos vindo a assistir nos últimos dias, com a vergonhosa complacência das autoridades (que levaram inclusivamente à morte estúpida de um homem que participava no piquete de camionistas), e bloqueios que impediam de trabalhar quem legitimamente o pretende fazer, escoltas policiais, falta de alimentos nos supermercados, leite deitado para o lixo e filas intermináveis à entrada das bombas de gasolina, eis que o Governo, à imagem do que já tinha feito para o sector das pescas , vem ceder à chantagem e acaba por distribuir uma série de benefícios (subsídios?) a um sector em particular, cujo custo vai ter de ser pago pelos restantes contribuintes. Acerca disto, nem uma palavra do Presidente da República (anda mais entretido com o dia da "raça) ou da oposição com assento parlamentar. Uma tristeza...

Depois de se saber que berrar, agredir e atentar contra o estado de direito
traz benefícios directos, quem se seguirá? O sector dos táxis? É que se a coisa continua assim, eu vou querer um subsídio só para mim, que a gasolina também me sai cara!

O que vale é que Portugal
venceu a Rep. Checa por 3-1, e amanhã já ninguém se lembra desta crise.

Adenda: Para mim as únicas medidas do acordo entre o governo e a ANTRAM que faz algum sentido defender são duas:

1. Diferimento do pagamento do IVA ao Estado para o momento do recebimento efectivo do serviço de transporte, a partir de 2009 (isto devia ser aplicado a todos os sectores, de tão óbvio);

2. Criação de incentivo à renovação de frotas (prémio ao abate, incentivo à instalação de filtros de partículas e custeio, por parte do Estado, do diferencial de custo de aquisição entre veículos Euro 4 e Euro 5) (esta defendo parcialmente pois uma frota mais eficiente, com menos emissões poluentes, é o que se deseja para as grandes áreas urbanas, sobretudo tendo em conta a problemática da poluição atmosférica. Agora espero é que não se use
esta medida para subsidiar empresas que em condições normais de mercado há muito que estaria falidas...);

1 comentário:

Sara SC disse...

Eu concordo também com a medida relativa à redução do valor das portagens no período nocturno. Embora com o objectivo de organizar o tráfego de pesados incentivando a circulação nocturna, esta medida já é aplicada com sucesso noutros países. Não deixa contudo de ser um "subsídio" cujo custo, em última análise, irá recair sobre todos os contribuintes, já que o Estado acabará por compensar as concessionárias por esta redução..
Mas estou como tu dizes, ontem Portugal ganhou, hoje já n há filas nas bombas de gasolina e a memória do povo é curta!