domingo, 29 de junho de 2008

Senhorios e inquilinos

"(...) Quando uma pessoa que paga 50 euros por uma casa onde pagou durante quase 50 anos uma renda ínfima se acha no direito de exigir/sugerir a realização de uma obra que custa pelo menos o equivalente a dez anos de rendas futuras e corresponde a praticamente todo o “bolo” das rendas que pagou desde o início, surge óbvia a conclusão de que, para essa pessoa, o senhorio é um serviçal. Condenado a servi-lo em penitência eterna por ter alguma vez sonhado que um investimento podia ter proveito, que ser proprietário podia ser rentável. O mais grave, porém, é que este delírio não pertence a um excêntrico isolado, mas a uma cultura generalizada e autorizada pela lei. Uma cultura que arruinou os centros das cidades e empobreceu milhares de famílias. Pudessem elas tombar os prédios nas estradas e paralisar o País, outro galo cantaria. Assim, resta-lhes servir a pena - e ter sentido de humor."

"O sequestro dos senhorios" de Fernanda Câncio, no DN e aqui (clique no link para ler o artigo completo)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O meu irmão é filho único



Ontem fomos ver este filme, vencedor de 5 prémios Donatello, que conta a história de dois irmãos, Accio e Manrico, que crescem numa pequena cidade Italiana, no seio de uma família humilde, durante as décadas de 60 e 70, um período de intensa agitação sócio-económica no país.

Manrico, o irmão mais velho, é carismático, daquelas pessoas que todos amam e admiram independentemente das suas escolhas, enquanto Accio, pelo contrário, é encarado como o caçula problemático, impulsivo e conflituoso, a quem todos dão pouca credibilidade. Accio cresce sob um sentimento de injustiça e os dois irmãos vivem desde cedo num constante conflito, que atinge a sua expressão mais óbvia nas opções políticas distintas de ambos: Manrico é um membro activo do movimento comunista e Accio filia-se no partido fascista.

Ao longo do filme, a vida destes dois irmãos vai-se desenrolando, plena de confrontos, mas onde se entende claramente que muito mais é o que os une, do aquilo que os separa (isto soa-me a uma canção qualquer…peço desculpa pelo plágio)!

Gostei bastante do filme! Conheço pouco do cinema italiano actual mas este foi um excelente cartão de visita! Recomendo! Em exibição nos cinemas King e Monumental.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Long Forgotten Fairytale

Porque amanhã é dia de Magnetic Fields, na aula Magna, e eu adoro esta música...recuperada directamente do álbum 69 Love Songs!

boomp3.com

Someone told me you’d be here
Whispering these familiar things
Talking to my little pet, smoking the same old cigarettes
…I would have laughed

I saw you last in summertime
You said you hated long goodby-y-yes
You said, “There’s nothing to explain, in every life a little rain”
…etcetera

And a long-forgotten fairytale is in your eyes again
And I’m caught inside a dream world where the colors are too intense
…and nothing is making sense

There’s a floating town of eiderdown in a mist of mystery
There’s an old enchanted castle and the princess there is me
…decked-out like a Christmas tree

I guess you’ve had your little joke
But I have lost my sense of hu-u-mor
My medication’s wearing off, for it’s just not strong enough
…to cover this.

Then you kissed me like before
I found myself wanting more
And you tell that little lie that kept me hypnotized
…another kiss

And a long-forgotten fairytale is in your eyes again
And I’m caught inside a dream world where the colors are too intense
…and nothing is making sense

There’s a floating town of eiderdown in a mist of mystery
There’s an old enchanted castle and the princess there is me
…decked-out like a Christmas tree

If somebody told me I’d succumb
If someone said I’d be so dumb
After all the sleepless nights, when I turned on all the lights
…I would have hit them

But I have turned the other cheek
My voice trembles, my knees are weak

And you beat me once again
And I know what happens then
…you raise the ante

And a long-forgotten fairytale is in your eyes again
And I’m caught inside a dream world where the colors are too intense
…and nothing is making sense

There’s a floating town of eiderdown in a mist of mystery
There’s an old enchanted castle and the princess there is me
…decked-out like a Christmas tree

terça-feira, 24 de junho de 2008

Perspectivas...

"Portugueses são os mais pessimistas da União Europeia"

Os portugueses são os cidadãos da União Europeia mais pessimistas quanto ao seu futuro próximo, com apenas 15 por cento a acreditarem que a sua vida vai melhorar nos próximos 12 meses, revela um inquérito divulgado hoje pela Comissão Europeia.


"Los españoles, los más pesimistas de la UE sobre la evolución económica"

Los españoles encabezan la lista de los europeos más pesimistas al valorar la evolución económica de sus hogares desde octubre de 2007, seguidos de los griegos, los portugueses, los belgas y los británicos.



Decidam-se, pá! Até tenho uma sugestão para a resolução deste imbróglio:

"Bigamia literária"

Até há uns anos, andar a ler dois livros ao mesmo tempo era algo que me fazia confusão! Talvez porque sinto que enquanto lemos um livro, os acontecimentos e as personagens entram no nosso dia a dia e passam a fazer parte da nossa vida. Durante o tempo em que lemos aquele livro estabelece-se uma relação com aquelas personagens, aquela história, aquele espaço físico e temporal...e tinha dificuldade em entender como era possível criar essa ligação com dois livros distintos!

Ora, certo é que se virou o feitiço contra a feiticeira, e ultimamente é raro andar a ler apenas um livro! Mas nunca tinha chegado ao ponto de ler dois romances em paralelo tão antagónicos como estes: Siddhartha de Hermann Hesse, e O Estrangeiro de Albert Camus.

Antagónicos ou não, porque é frequente os extremos tocarem-se!! Enfim, quando terminar estas leituras logo comunico as minhas impressões.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Facilitismo? Nada disso, os alunos de hoje é que são uns sobredotados!

Com perguntas como esta nas provas de aferição do 2º ciclo do ensino básico (cliquem na imagem para ver melhor e já agora arriscar uma resposta a tão exigente questão):

(Retirado daqui)

Que diabo, até um miúdo da 4ª classe sabe contar bolinhas e fazer as contas! É com questões como esta que se pretende aferir o nível de conhecimentos dos alunos? Estamos mesmo a querer condenar as nossas gerações futuras a um futuro de dificuldades num mundo competitivo e globalizado...

domingo, 22 de junho de 2008

Attack & Release...

...é o novo álbum dos Black Keys, que já tinha em lista de espera para ouvir há algum tempo! Este fim de semana dediquei os meus ouvidos a essa tarefa e aqui ficam as minha impressões. É um álbum bastante bom, distinto, mais versátil e menos homogéneo que o anterior Rubber Factory, embora com um registo comum!!

Destaque para "I got mine", "Strange Times" e "Lies". No entanto, continuo a preferir o Rubber Factory, no seu tom mais blues!


boomp3.com

boomp3.com

boomp3.com

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Será que os Japoneses já se lembraram desta?

A tira de hoje do Calvin, apesar de não ser das mais cómicas, merece ser publicada no seguimento deste post! Se existe o Tetris Humano não creio que falte muito até que alguém se lembre disto =P

É tão bom...

...ligar o carro e começar logo a ouvir uma das nossas músicas preferidas! Especialmente quando é uma música que nunca se ouve na rádio! Augura um fim de semana em grande =)

Scale dos Interpol

boomp3.com

I have a sequin for an eye
Pick a rose and hide my face
This is a bandit's life
It comes and goes and mends the breaks
Under a molten sky, beyond the road, we lie in wait
You think they know us now?
Wait 'til the stars come out
You'll see that
Well, I made you and now I take you back
It's too late but today I can define the lack
I made you and now I take you back
Sun, you sleep in clouds of fire
That's all and that's right
My sun, you sleep in clouds of fire
That's all and that's right
I can still feel it when you lie
Pick a rose just to hide my face
Well, if there's something I should know
I seek no science when there is no shape
Under a molten sky, let the days collide
Well, I made you and now I take you back
Sun, you sleep in clouds of fire
That's all and that's right
My sun, you sleep in clouds of fire
That's all and that's right

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Afinal a altura até joga à bola

(Fonte: SI.com)

O ataque até não desiludiu (2 golitos dos dois pontas-de-lança!), mas como uma defesa daquelas nunca iríamos a lugar nenhum contra os boches. Aliás, basta ver a imagem em cima, com o Ricardo em grande estilo a vê-las passar...

Agora voltamos todos a descer à Terra, que em 2010 há mais.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Boston Celtics, os novos campeões da NBA


(Fonte: SI.com)


After 22 long years, the NBA has gone green.

Lifted by ear-splitting chants of ''Beat L.A.'' early and cries of ''Seven-teen'' in the closing seconds by their adoring crowd, the Celtics concluded a shocking rebound of a season with a stunning 131-92 blowout over the Los Angeles Lakers in Game 6 on Tuesday night.


Os Livros no Parque

Este ano apenas fui uma vez à Feira do Livro mas, além dos 3 livros que comprei nessa minha incursão presencial pelo Parque Eduardo VII, muitas mais foram as encomendas que fiz a terceiros!

Estava a arrumar alguns desses livros na estante e a escolher qual o próximo que iria ler, quando encontro entre eles um pequeno caderno de textos de autores diversos, reunidos em defesa da localização da Feira do Livro no Parque Eduardo VII.

Entre eles consta o seguinte texto de Mário de Carvalho, que passo a transcrever por me ter enchido a alma com o cheiro a livros e a vista sobre o Tejo que se estende diante de nós quando olhamos para sul, além Marquês:

"Gosto de melros, os espertotes, ladinos, com aquele jeito preto de recalcitrar de lado. Há poucos pelas relvas de Lisboa, não sei se da concorrência de pardais fura-vidas e de pombalhões abafa-espaços, se de uma vontade de saltitar ao de leve por outras bandas.

Ainda assim, aparecem uns tantos pela feira do livro, a lavrar no parque. Negrejam aos picos no verde, dão-se a uns desenfados de voejo breve, armados em superiores. Bonito bicho, de muita inspiração literária. Ele é o Jean-Baptiste Clément, ele é o Junqueiro...

Não há melros num espaço fechado, num armazém tristonho e esquadrinhado de encontrões sem sol. Todos os anos aquele para-baixo e para-cima, os encontros de fulano e cicrano, as capas que amadurecem de ano para ano, a luz explosiva de Lisboa, os revérberos, o Marquês que medita, as frondes da avenida, o Tejo glauco a fechar as vistas.

Tenho estado em salões, por essa Europa. Salões, salas grandes, com o seu quê de fábrica e hangar. Em parte nenhuma há esta cor, esta brisa, este céu, esta expansão clara, esta alegria. Mude-se o que houver a mudar. O espaço, deixar estar."


Vai uma conta da EDP?

Quando vi pela primeira vez esta notícia aqui, quase nem podia acreditar, mas hoje ao dar uma olhadela a um outro jornal online, voltei a deparar-me com a mesma notícia (vale a pena ler os comentários até ao fim, eu pelo menos fi-lo, até porque tinha esperança de encontrar alguém que fosse contra a maré e realmente apresentasse uma explicação lógica para tamanho disparate - sem sucesso).

E ainda por cima o secretário geral da DECO afirma que "(...) à luz do princípio de que são os consumidores que pagam tudo, "é provável" que os custos dos incobráveis já estejam a ser pagos pelos clientes de forma "encapotada (...)".

Mas será que anda tudo a dormir??? A ERSE em vez de andar apresentar propostas injustas, por detrás da chamada transparência (e ainda nos toma por parvos), deveria era investigar se de facto já estamos a pagar pelos incobráveis ou não!

É claro que os nossos governantes já vieram manifestar a sua indignação, mais uma vez querendo-nos fazer crer que de facto não estariam de antemão ao corrente destas propostas.

É o circo no seu melhor, e o Povo vai assistindo...

Human Tetris

Ai, ai...Japonesices =P

terça-feira, 17 de junho de 2008

Também gosto muito desta

Em resposta à Sara (que tem estado bastante activa em termos de divulgação musical), deixo aqui esta menina que até ao momento tem uma das melhores músicas de 2008: Duffy, como o seu Mercy (do álbum Rockferry). Tenho de ver se compro o dito numa Fnac qualquer...

Yeah, yeah, yeah!


Segundo emprego

A capa da edição de hoje do Diário de Notícias lança o número: 339 mil portugueses têm um segundo emprego!

Desde 1998 que este valor não se registava tão elevado, correspondendo a 6.5% da população empregada. Ainda que parte possa fazê-lo por ambição profissional, a maioria fá-lo-à para enfrentar a crise socio-económica que atravessamos.

Artigo completo aqui.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Violet Hill...

...é o primeiro single para o novo álbum dos Coldplay, "Viva La Vida or Death And All His Friends", lançado a semana passada!



Was a long and dark December
From the rooftops i remember
There was snow
White snow

Clearly I remember
From the windows they were watching
While we froze down below

When the future's architectured
By a carnival of idiots on show
You'd better lie low

If you love me
Won't you let me know?

Was a long and dark December
When the banks became cathedrals
And the fox
Became God

Priests clutched onto bibles
Hollowed out to fit their rifles
And the cross was held aloft

Bury me in armor
When I'm dead and hit the ground
My nerves are poles that unfroze

If you love me
Won't you let me know?


I don't want to be a soldier
That a captain of some sinking ship
Would stow, far below

So if you love me
Why'd you let me go?

I took my love down to violet hill
There we sat in snow
All that time she was silent still

Said, if you love me
Won't you let me know?

If you love me,
Won't you let me know?

Puzzle...

...é o último álbum dos escoceses Biffy Clyro e foi a banda sonora do meu fim de semana.

Aqui fica uma amostra: "Who's Got A Match?"
boomp3.com

Which of the witches do you belong?
The one with the eye patch or the one who's highly strung
I know you can't trust anyone
How do you capture a photograph?
Put it to sleep pretend you're having a laugh
I know you thought you'd have the last

I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight

The midget is frigid I put it to you
Who's got a match I've got the petrol to set it too
I know I shouldn't have trusted you
It's making me tense when you're telling me
It's just the facts that don't compute the classic way
I guess I'm wrong again anyway

I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight

I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire
I'm a fire and I'll burn burn burn tonight
I'm a fire

I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire and I'll burn burn
I'm a fire
I'm a fire
I'm a fire.

Alemães recusam notas de Euro do Sul da Europa

Será que era a isto que Cavaco silva falava aquando da sua dissertação acerca da "boa" e da "má" moeda?

"Support for euro in doubt as Germans reject Latin bloc notes


Notes printed in Berlin have more currency for bank customers who fear a 'value crisis'
Ordinary Germans have begun to reject euro bank notes with serial numbers from Italy, Spain, Greece and Portugal, raising concerns that public support for monetary union may be waning in the eurozone's anchor country. Germany's Handelsblatt newspaper says bankers have detected a curious pattern where customers are withdrawing cash directly from branches, screening the notes to determine the origin of issue. They ask for paper from the southern states to be exchanged for German notes. Each country prints its own notes according to its economic weight, under strict guidelines from the European Central Bank in Frankfurt. The German notes have an "X"' at the start of the serial numbers, showing that they come from the Bundesdruckerei in Berlin.

(...)People clearly suspect that southern notes may lose value in a crisis, or if the eurozone breaks apart. This is what happened in the US in the Jackson era of the 1840s when dollar notes from different regions traded at different values.

(...)Inflation touches a very sensitive nerve in Germany. Holger Schmeiding, from Bank of America, said the country had suffered two traumatic sets of inflation in living memory, first in Weimar in 1923 and then in 1948.

(...)A group of leading German professors warned at the outset of EMU that the euro would tend to be weaker than old Deutsche Mark, and that it would fuel inflation over time. German citizens were never given a vote on the abolition of the D-Mark, which had become a symbol of Germany's rebirth after the war. Many have kept a stash of D-Marks hidden in mattresses to this day. A recent IPOS poll showed that 59pc of Germany now had serious doubts about the euro. "


Podem ver a notícia completa aqui.


(Imagem retirada daqui)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dialectos...

Perdoem-me os amantes do espanhol, mas para mim o episódio desta tarde só vem corroborar aquilo que já venho a afirmar há algum tempo: nuestros hermanos falam um "dialecto aportuguesado", mas se tentam falar com alguém que por acaso conhece e sabe falar idiomas a sério - neste caso o português, as limitações daqueles saltam logo à vista.

Veja-se o seguinte diálogo:
(Estou na paragem da Carris de Alcântara-terra, à espera de apanhar o eléctrico n.º 15. Duas jovens Espanholas iniciam um diálogo, enquanto o eléctrico se aproxima da paragem)

Espanhola #1 - Vai al centro?
HG - Sim, vai para o centro da cidade...
Espanhola #1 - Esta lejo?
HG - Está quê?!
Espanhola #1 - Lejo de aquí?
(aponta na direcção da Baixa)
HG - ?
Espanhola #2 - Apartado?
(gestos continuam)
HG - ??... Longe? Ah, bom! Não, não fica longe
Espanhola #2 - Cuánto tiempo?
HG - (esta percebi) 10 minutos...

No fim entramos e nem um gracias... Será que estavam à espera que eu falasse o tal dialecto e estivesse para me dar ao trabalho?

120 anos


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples

Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.


Sou fácil de definir.

Vi como um danado.

Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.

Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.

Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.

Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;

Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.

Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.


Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.

Além disso, fui o único poeta da Natureza."

(Se depois de eu morrer, por Alberto Caeiro)

Vende-se T2

Totalmente novo, com parqueamento incluído. Localização: onde quiser estacionar... Thank you John, por mais esta pérola:



(Só não traz o condutor).

Santo António

Como alfacinha que sou, lá fui eu festejar o Santo António com os colegas desta casa (só faltou mesmo o André) e mais alguns amigos. Destino: Alfama, como não podia deixar de ser (o pessoal de Carnide, Madragoa e Bica que me perdoe, mas Santos são mesmo para celebrar em Alfama). Como sempre as ruas estavam cheias de gente, a animação foi permanente e os preços, enfim... à medida que subimos colina acima passamos de um simples abuso para o roubo à mão desarmada puro e simples... 4,5€ por uma bifana e uma sangria? Ai a crise que não toca a todos... No final ainda deu para um pezinho de dança (aqui o je ainda dança pior que o Nuno Markl, mas esse pormenor não me impede de continuar tentar e a embaraçar-me em público, eventualmente hei-de chegar lá). Apesar de alguns dos bares e cafés terem inovado com música techno (um toque de modernismo, talvez) a banda sonora esteve normalmente a cargo desse vulto da música nacional denominado Quim Barreiros. Deixo aqui algumas das mais tocadas:






quinta-feira, 12 de junho de 2008

Feist na Aula Magna

Ontem a noite foi de concerto: Leslie Feist na Aula Magna, a fechar a tournée do seu último álbum, The Reminder!

Se tivesse de descrever este concerto com uma só palavra acho que escolheria “doce”. Foi um concerto “doce”, simples mas genuíno!



When I Was a Young Girl foi o tema de abertura, cantado por detrás de um biombo que projectava a sombra de Feist. Esta entrada criou um ambiente especial que se prolongou até ao último encore, um verdadeiro namoro entre a cantora e o público!

Pelo meio ficaram muitas baladas e outras tantas músicas que fizeram a Aula Magna saltar. Para mim, os momentos altos foram The Limit To Your Love, Let it Die, I Feel It All, Mushaboom e 1, 2, 3, 4 que pôs o público a dançar.

Para Sea Lion Woman, Feist contou com o acompanhamento dos Lawrence of Arábia, banda neozelandesa que fez a primeira parte do concerto. Não os conhecia mas gostei da sonoridade e creio que vale a pena ouvi-los com atenção.

O desfecho foi original, ao som do Malhão cantado em uníssono!

O concerto superou de longe as minhas expectativas. Os álbuns Let it Die e The Reminder têm estado entre os meus favoritos nos últimos meses e foi excelente a forma como Feist os percorreu ontem à noite de forma tão graciosa, singela…aliás, feminina talvez seja a palavra mais adequada! Outro concerto para a caixinha das memórias =)

Aqui fica The Limit to Your Love!

boomp3.com

Clouds part
Just to give us a little sun

There's a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There's a limit to your love

There's a limit to you care
So carelessly there
Is it truth or dare
There's a limit to your care

I love I love I love
This dream of going upstream
I love I love I love
The trouble that you give me
I know I know I know
That only I can save me
I'll go I'll go I'll go
Right down the road

There's a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There's a limit to your love
Your love your love your love

I can't read your smile
It should be written on your face
I'm piecing it together
There's something out of place
Oh

I love I love I love
This dream of going upstream
I love I love I love
All the trouble that you give me
I know I know I know
That only I can save me
I'll go I'll go I'll go
Out on the road

Because there is no limit
There's no limit
No limit no limit no limit
Limit to my love

Quem não chora não mama (III)

Enganei-me na previsão. Afinal não serão os taxistas os próximos senhores que se seguem. Os agricultores chegaram-se à frente primeiro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem não chora não mama (II)

Depois das cenas lamentáveis que temos vindo a assistir nos últimos dias, com a vergonhosa complacência das autoridades (que levaram inclusivamente à morte estúpida de um homem que participava no piquete de camionistas), e bloqueios que impediam de trabalhar quem legitimamente o pretende fazer, escoltas policiais, falta de alimentos nos supermercados, leite deitado para o lixo e filas intermináveis à entrada das bombas de gasolina, eis que o Governo, à imagem do que já tinha feito para o sector das pescas , vem ceder à chantagem e acaba por distribuir uma série de benefícios (subsídios?) a um sector em particular, cujo custo vai ter de ser pago pelos restantes contribuintes. Acerca disto, nem uma palavra do Presidente da República (anda mais entretido com o dia da "raça) ou da oposição com assento parlamentar. Uma tristeza...

Depois de se saber que berrar, agredir e atentar contra o estado de direito
traz benefícios directos, quem se seguirá? O sector dos táxis? É que se a coisa continua assim, eu vou querer um subsídio só para mim, que a gasolina também me sai cara!

O que vale é que Portugal
venceu a Rep. Checa por 3-1, e amanhã já ninguém se lembra desta crise.

Adenda: Para mim as únicas medidas do acordo entre o governo e a ANTRAM que faz algum sentido defender são duas:

1. Diferimento do pagamento do IVA ao Estado para o momento do recebimento efectivo do serviço de transporte, a partir de 2009 (isto devia ser aplicado a todos os sectores, de tão óbvio);

2. Criação de incentivo à renovação de frotas (prémio ao abate, incentivo à instalação de filtros de partículas e custeio, por parte do Estado, do diferencial de custo de aquisição entre veículos Euro 4 e Euro 5) (esta defendo parcialmente pois uma frota mais eficiente, com menos emissões poluentes, é o que se deseja para as grandes áreas urbanas, sobretudo tendo em conta a problemática da poluição atmosférica. Agora espero é que não se use
esta medida para subsidiar empresas que em condições normais de mercado há muito que estaria falidas...);

Retrato do meu feriado

10 de Junho: feriado nacional, dia de calor e nós sem sabermos bem o que fazer. Apetecia-nos passear mas longe da confusão dos locais habituais. "E que tal irmos ver o Alqueva, esse que é o maior lago artificial da Europa?!" "Huumm...bora lá!"

Ponte 25 Abril, A2, saída para a A6, saída para a nacional 114 em direcção a Évora e daí pela nacional 256 até Reguengos de Monsaraz, onde parámos para almoçar uns deliciosos secretos de porco preto num restaurante na praça da Igreja Matriz!

Igreja Matriz de Reguengos de Monsaraz

Seguimos então pela estrada nova, a R255, construída especialmente para dar acesso à Barragem. Só pela envolvente vale a pena fazer este traçado: olivais e vinha até perder de vista!
E em meia hora chegamos!

Já tinha estado no Alqueva (na barragem, porque confesso que nunca passei na aldeia que dá o nome à mesma) em finais de 2002, numa visita de estudo ainda durante os trabalhos de construção. Levei as fotos que tirei na altura e estivemos a comparar, num verdadeiro exercício de "antes e depois". É realmente impressionante porque por muito que façamos previsões e tracemos cenários nada se compara a ver o acto consumado: barragem totalmente construída e cota máxima atingida. Só penso como será quando estiverem todos os subsistemas construídos e operacionais!

Barragem e Central Hidroeléctrica de Alqueva

Rio Guadiana a montante da Barragem (ilhota formada com o enchimento da albufeira)

Rio Guadiana a jusante da Barragem

Vista a barragem resolvemos voltar pela estrada antiga que passa por Monsaraz, novamente por entre olivais e vinha! De realçar as grandes extensões de novos olivais, plantados de forma organizada e de modo a permitir a apanha mecânica da azeitona, o que permite tornar o produto final mais barato e muito mais competitivo!

Sempre a subir, chegámos a Monsaraz, uma vila linda, encantadora...nem tenho palavras!! Erguida no alto de um monte, dentro das muralhas do castelo, tem uma vista esplêndida sobre a planície alentejana e o Rio Guadiana.

Porta das muralhas de Monsaraz

As ruas de xisto escuro fazem um contraste engraçado com o casario branco. Há recantos lindos a cada esquina!

Rua Direita

Rua perpendicular à Rua Direita

Rua paralela à Rua Direita

Do alto do Castelo creio que se consegue ter uma das melhores vistas sobre aquelas que agora são designadas por Terras do Grande Lago Alqueva.

Castelo de Monsaraz

Vista do Castelo sobre as Terras do Grande Lago Alqueva

Igreja de São Bento (em Monsaraz mas fora das muralhas)

Para ganharmos ânimo para nos fazermos de novo à estrada, acabámos a ver o por do sol numa esplanada logo à entrada das muralhas. É uma antiga casa rural adaptada e serve um vinho tinto alentejano fantástico, acompanhado por um queijo alentejano servido em finas fatias de um delicioso pão alentejano...tudo regional =)

E pronto, de regresso ao mundo real, com o preço dos combustíveis em alta, bloqueios de camionistas, filas intermináveis nos postos de abastecimento...enfim, pode ser que o Santo António nos valha :(

terça-feira, 10 de junho de 2008

Foge Foge Bandido...


...é o novo projecto de Manuel Cruz!


O primeiro trabalho, lançado no passado dia 1 de Junho, é um cd-livro entitulado "O Amor Dá-me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei". Destaco especialmente a beleza das letras...continuam a ser fantásticas como eram em Ornatos Violeta e em Pluto!

Algumas músicas e vídeos estão disponíveis aqui. Do que ouvi até agora, tenho uma preferência:

"Ninguém é Quem Queria Ser"

Somos a fachada
de coisa morta
e a vida como que a bater à nossa
porta
quando formos velhos
se um dia formos velhos
quem irá querer saber quem tinha razão
de olhos na falésia
espera pelo vento
ele dá-te direcção

ninguém é quem queria ser
eu queria ser
ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém


a idade é oca e não pode ser motivo
estás a ver o mundo feito um velho
arquivo
eu caminho e canto pela estrada fora
e o que era mentira pode ser verdade
agora
se o cifrão sustenta a química da vida
porque tens ainda medo de morrer
faltará dinheiro
faltará cultura
faltará procura dentro do teu ser

ninguém é quem queria ser
eu queria ser

ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém


diz-me se ainda esperas encontrar o
sentido
mesmo sendo avesso a vê-lo em ti
vestido
não tens de olhar sem gosto
nem de gostar sem ver
ninguém é quem queria ser

ninguém é quem queria ser
eu queria ser
ninguém é quem queria ser

eu queria ser ninguém

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Falando de leituras

O BCSD Portugal com o patrocínio das Águas de Portugal lançou no passado dia 26 de Maio a tradução da publicação "As Empresas no Mundo da Água - Cenários para 2025" do WBCSD.


Poderá descarregar a publicação aqui.

Livros do Dia

Para post de estreia vou retomar velhos hábitos e deixar a lista dos meus preferidos de hoje, na Feira do Livro:

  • Mensagem e Outros Poemas Afins, de Fernando Pessoa
  • O Avesso e o Direito, de Albert Camus
  • O Outro Pé da Sereia, de Mia Couto
  • A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón
  • Lolita, de Vladimir Nabokov

E o Dicionário Francês-Português, muito útil para mim que ando a tentar deixar de ser tão anglófona :)

Novo reforço

Estávamos a sentir a falta de um toque feminino aqui pelo burgo, uma vez que a riqueza de um blogue é criada através das diferentes opiniões e perspectivas (que não envolvam economia, futebol e seios voluptuosos à mostra). Entre o fazer o convite e o aceitar do mesmo foi um pequeno passo e é com todo o gosto que anuncio o nosso mais recente reforço: chama-se Sara SC, já bloga há mais tempo do que nós, e encontrava-se em situação de desemprego parcial, algo que eu, como bom samaritano, não podia deixar durar muito tempo.

Bem vinda, e espero que te sintas em casa.

domingo, 8 de junho de 2008

Portugal entra com o pé direito no Euro '08

Excelente exibição frente a uma Turquia da qual eu sinceramente esperava mais. Uma vitória sem espinhas, e já só faltam mais 3 pontos para seguirmos em frente. Venha o próximo adversário (Rep. Checa) na 4ª feira.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

FC Porto de fora da Liga dos Campeões

O FC Porto, condenado por dois actos de tentativa de corrupção pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), foi excluído da Liga dos Campeões durante o período de um ano.

Tenho andado a evitar escrever sobre este triste caso, mas depois das notícias de hoje não posso calar mais a revolta.

A ausência da Liga dos Campeões vai custar muito mais do que os danos na imagem (provavelmente irreparáveis) que a instituição FC Porto já está a sofrer ao estar associada a suspeitas de corrupção. Para além dos prémios de participação, receitas de TV e publicidade, existe também um risco sério de a massa salarial associada ao plantel se tornar demasiado elevada para as possibilidades financeiras de um clube que de repente se vê amputado da sua fonte de receita principal, levando a êxodos semelhantes ao de Paulo Assunção (como se pode ver aqui). Quem fala de Lucho, fala de Lisandro, Quaresma, Bruno Alves, etc... Neste caso as perdas serão muito mais difíceis de contabilizar, mas não menos graves pois o clube acaba por perder a espinha dorsal da melhor equipa Portuguesa nos últimos anos.

O mínimo que espero é que os elementos da SAD que optaram por uma estratégia jurídica ruinosa, ao aceitar a punição para o clube por parte da Liga, com a consequente perca de 6 pontos na época em curso ao invés de os perder na época seguinte assumam as suas responsabilidades e se demitam. Tacitamente, este gesto foi a admissão de culpa efectiva por parte do clube, por mais que tentem agora dourar a pílula afirmando que a inocência está defendida com o recurso de Pinto da Costa, e foi a base que levou à decisão da UEFA.

Também é necessário perceber como foi possível acreditar ingenuamente que o FC Porto não seria usado como exemplo pela UEFA, organismo que alterou recentemente os seus regulamentos após os escândalos relacionados com os clubes italianos (Juventus, Milan...).


PS - esqueçam as teorias da cabala a partir de Lisboa para "tramar" o FCP. Se o clube está nesta situação é por culpa própria.

Dias do Desenvolvimento 2008

É já esta quinta-feira, sexta-feira e Sábado - 5, 6 e 7 de Junho respectivamente, que irá decorrer na antiga FIL, actual centro de congressos de Lisboa, a 1.ª Edição de "Os Dias do Desenvolvimento" (http://www.diasdodesenvolvimento.org/ )



Na quinta-feira irei dar uma "perninha" aos Médicos do Mundo e falar um pouco sobre os desafios e oportunidades na implementação de projectos de água e saneamento (pelas 16h na sala 1), e na sexta-feira irei apresentar com a TESE ferramentas de gestão de informação georreferenciada para aplicação em projectos de ajuda ao desenvolvimento e resposta humanitária (será a partir das 17h, na sala F).

Como é óbvio, são todos muito bem vindos.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Observações

Enquanto passava na Avenida da Republica um destes dias reparei no enorme número de balcões de bancos que se via. Note-se que a densidade é da ordem de 5-6 balcões para os bancos maiores nessa avenida (exclusivamente), e que em certos quarteirões todos os espaços comerciais estavam por estes ocupados. Ao comentar esse facto com o Pedro (sim o Pedro Gomes deste blog) que ia comigo no carro colocaram-se duas hipóteses:

1- Existe procura suficiente para justificar que o mesmo banco abra 3 balcões no espaço de 500 m de avenida.
2- Apenas os bancos conseguem pagar as rendas absurdas que se pede pelo aluguer dos espaços comerciais dos quais são proprietários (por uma ou outra razão) e portanto têm de os rentabilizar.

Um breve debate inviabilizou a primeira hipótese, visto não existir de modo algum procura suficiente que justifique semelhante situação. Ficando apenas uma hipótese essa parece ser a viável e plausível.

No entanto levanta-se outra questão, que surge no seguimento da negação da primeira hipótese. Como é que os bancos conseguem manter tantos balcões abertos visto que o volume de negócios que têm não aparenta justificar os gastos? Não consigo perceber, para ser totalmente honesto. Sei que é má gestão de recursos e acho que qualquer pessoa a quem perguntasse também concordaria comigo.

Mas esse problema é dos bancos, e leva-me a outro problema bem mais grave: a paisagem das nossas ruas em Lisboa (e provavelmente noutros pontos do pais observa-se o mesmo).
De facto se descerem a vossa rua irão reparar que a maior parte dos espaços comerciais estão ocupados por um dos seguintes negócios:

  • Banca
  • Stands Auto
  • Imobiliárias
  • Lojas de Roupa
  • Lojas dos Chineses
  • Alguns Cafés (a maior parte com ar de tasca)
[Um pequeno à parte: caso entrem num centro comercial, em particular os mais pequenos, os espaços estarão divididos em lojas de telemóveis, lojas 1€, lojas dos chineses e lojas de roupa]

E isso significa duas coisas:

1- O tipo de comércio que os portugueses procuram (lojas de produtos culturais nem vê-las em muitos sítios).
2- Que é complicado, para não dizer impossível, abrir e manter outros tipos de loja seja devido aos hábitos dos portugueses ao nível de hobbies seja devido aos valores absurdos que se pede pelos espaços.

De facto, assim não vamos lá.

20 Perguntas & Respostas sobre o choque petrolífero

P: Estamos a atravessar um terceiro choque petrolífero?
R: Estamos. A escalada dos preços do crude colocou a barreira do preço médio durante este primeiro quadrimestre de 2008 já acima dos valores reais do 2º choque petrolífero do início dos anos 1980.

P: Que tipo de medidas podem ser tomadas para contrariar a escalada de preços do petróleo?
R: Em mercado aberto, só há uma saída: contrair a procura destas «commodities», alterando o padrão de consumo. Apesar de a procura estar a descer nos países da OCDE, graças aos ganhos de eficiência realizados já no século XXI, ela tem aumentado no mundo emergente. Dada a consciência de que se está a atingir um tecto de produção (o chamado ‘pico do petróleo’), a oferta deixou de poder satisfazer os apetites do consumo. Medidas de subsidiação aos consumidores (como existem largamente nos países produtores e nos emergentes importadores) serão sempre transitórias e terão efeitos perversos a prazo. O choque da realidade, como acontece hoje na Indonésia, é um aviso.

P: Qual é a produção actual de petróleo?
R: É de 86 milhões de barris de combustíveis líquidos por dia de origem fóssil a que se pode adicionar 1 milhão de barris diários de bio-combustíveis. No total dos 86 milhões, incluem-se 74 milhões de barris de crude por dia, mais 8 milhões de barris de líquidos associados ao gás natural (NGL), 4 milhões em outros líquidos e ganhos nas refinarias.

P: E qual é a procura mundial?
R: Há a noção de haver um défice que se irá alargando. Os especialistas estimam a procura aproximada de um modo indirecto: a oferta mundial de líquidos deveria ser superior a 90 milhões de barris por dia para os preços se manterem abaixo dos 100 dólares, e superior a 95 milhões de barris por dia para não ultrapassarem os 50 dólares. Contudo, a procura real ajusta-se à oferta, por efeito da subida de preços.

P: E qual foi o impacto desse efeito de “correcção” por via da subida de preços?
R: O crescimento do consumo teve mesmo de ser moderado. Ele tendia a crescer de 2,5% a 3% ao ano, mas devido à viragem do preço desde 1999, e particularmente desde 2001, o aumento anual do consumo abrandou para 1,5%. No futuro próximo, terá mesmo de se contrair.

P: Mas quanto poderá crescer a oferta nos próximos anos?
R: A oferta de crude propriamente dito tem estado estagnada desde 2005. Estima-se que possa crescer 3 milhões de barris por dia até 2012. Mas tendo em conta as altas taxas de declínio em regiões como o México e o Mar do Norte duvida-se desse aumento. O segundo maior produtor, e patrão da OPEP, a Arábia Saudita, há vários anos que não divulga estimativas sobre a sua margem de manobra. Em termos globais, a oferta de líquidos poderá aumentar até aos 90 milhões de barris por dia até 2012. A Agência Internacional da Energia (AIE) divulgará em Novembro uma avaliação, que segundo os analistas deverá apontar para os 100 milhões em 2020.

P: E será esse aumento suficiente?
R: Não. Segundo o World Energy Outlook da AIE, a oferta deveria aumentar em 37,5 milhões de barris por dia até 2015 para satisfazer a procura estimada, sem alteração do actual padrão de consumo, particularmente em alguns dos emergentes, como a China e a Índia. Prevê-se que os emergentes impliquem um disparo no parque automóvel que poderá quadruplicar nos próximos vinte anos. O défice, em 2015, poderá ser superior a 20 milhões de barris por dia, mesmo no cenário mais optimista.

P: Mas os anúncios de recentes descobertas não são um sinal optimista?
R: Mesmo no cenário mais optimista, o caso recentemente mais publicitado, o da Bacia de Campos, no Brasil, poderá adicionar 500 mil barris por dia.

P: E o Árctico, de que houve agora uma primeira cimeira, não poderá ser a nossa “salvação”?
R: Há uma confusão difundida pelos «media». O número de 400 mil milhões (biliões, na designação anglo-saxónica e no Brasil) de barris é o total estimado de hidrocarbonetos no local. Os valores das reservas tecnicamente recuperáveis são de 50 mil milhões de petróleo (de acesso complexo, cobertos de gelo quase todo o ano) mais 150 mil milhões de gás natural (com a agravante deste gás estar muito disperso por reservatórios de pequena dimensão e de difícil acesso, o que impossibilitaria o seu transporte em gasoduto). Mesmo que esses 50 mil milhões de barris de petróleo fossem extraídos, eles significam um ano e meio de consumo actual. O impacto não é significativo em termos de ‘pico’ do petróleo.

P: Então que efeito poderá ter a pressão política – e mesmo ameaças de sanções através da Organização Mundial de Comércio – junto da OPEP?
R: Nenhum. A OPEP perdeu, realmente, o controlo do limite superior de preços – o célebre tecto máximo do preço do barril – desde 2004. No Verão de 2004, a OPEP atingiu o seu máximo. Exceptuando o Irão, o Iraque e a Venezuela, todos os outros membros do cartel estão a produzir acima da sua quota. O único grande produtor que ainda poderá ter um impacto visível é o Iraque, cuja produção, teoricamente, poderia duplicar. Mas é o problema político que se conhece. Aliás, foi referido que nas três últimas semanas de Abril e na primeira de Maio, a OPEP teria deixado de injectar no mercado 1 milhão de barris por dia.

P:Mas a Arábia Saudita não poderá alterar a situação?
R: É incerto. Poderá provavelmente produzir mais crude de uma variedade que o parque actual mundial de refinarias tem dificuldade de tratar. Poderá aumentar transitoriamente a produção de crude de qualidade mas à custa da produtividade final dos seus campos.

P:E a Rússia que é o maior produtor de crude desde 2006, ligeiramente acima da Arábia Saudita, não poderá dar uma ajuda?
R: Em 2020, a Rússia terá pouco petróleo para exportar. Sendo este um choque adicional que afectará a Europa.

P: É verdade, então, que a subida mais recente de preços, com a ultrapassagem da barreira psicológica dos 100 dólares, é derivada da especulação financeira, e que se deveriam “regular” esses malditos investidores?
R: Não é o factor fundamental, como querem fazer crer a OPEP e alguns políticos, e mesmo George Soros. O peso das aplicações financeiras nesta «commodity» deverá estar a implicar um prémio de 15 dólares por cada barril ao preço actual. Todo o petróleo que aparece para ser transaccionado no mercado acaba actualmente nas refinarias e não é acumulado em inventário a benefício de especuladores.

P:Poderá a opção pela intensificação do uso do carvão – num regresso à energia da Revolução Industrial – como parece acreditar a Shell, nos seus mais recentes cenários, resolver, transitoriamente, o problema?
R: O carvão está a ser usado como energia barata (altamente subsidiada) particularmente na China para embaratecer os custos das suas indústrias em expansão, em particular do aço. Segundo alguns, essa energia barata é o ‘segredo’ dos custos muito baixos chineses, mais do que os próprios salários nominalmente muito baixos. Mas não é solução de modo algum. Segundo o Energy Watch Group, a produção de carvão atingirá o seu pico em 2025. Entretanto, o preço da tonelada de carvão duplicou nos últimos oito meses(um disparo superior ao do barril de petróleo) e a Merrill Lynch estima que possa chegar aos 300 dólares por tonelada, o triplo do preço actual.

P: Há uma relação directa entre a alta do petróleo e a desvalorização do dólar?
R: Há, em parte. Mas essa relação deriva mais da política monetária seguida pela Reserva Federal americana de inundar o mercado de dólares e de emprestar dinheiro abaixo da taxa de inflação durante certos períodos na última década, incluindo ultimamente. Durante alguns curtos períodos de meses, a divergência cambial permitiu alguma almofada a países com divisas mais fortes do que o dólar, como o euro. Contudo, mesmo em euros, o preço do barril disparou . O choque está a chegar a todos em força.

P: Isso significa que o preço do barril poderá baixar se a política monetária americana for invertida?
R: Pode. As oscilações em baixa poderão ocorrer durante algum tempo. Essa mudança para taxas de juro mais altas na América está a ser reclamada por muitos analistas, incluindo por especialistas do FMI. Contudo, o efeito será transitório em termos de preço do petróleo. O mesmo já não será de esperar em termos de agravamento de alguns factores recessivos. A América atravessa um verdadeiro dilema. Qualquer mexida num sentido ou noutro terá uma face da moeda negativa.

P: Qual é o perfil do consumo mundial de energia?
R: Segundo a AIE, o petróleo representa 36% da energia consumida, seguido do carvão com 25%, o gás natural com 21%, o nuclear com 6%, a biomassa com 4% e a hidroeléctrica com 3%. O resto está ainda abaixo de 1%.

P:E em Portugal?
R: Segundo a Direcção Geral de Energia e Geologia, o petróleo representa 55% do consumo de energia primária (uma dependência maior do que a “média” mundial), o gás natural 14%, o carvão 13% (melhor do que a média mundial), a electricidade 7% e o resto 12% (inclui biogás, biodiesel, resíduos vegetais e resíduos sólidos urbanos).

P: Que sectores económicos consomem mais energia em Portugal?
R: Segundo dados da AIE, os transportes vêm em primeiro lugar com cerca de 34%, a que se segue a indústria transformadora com 26,5%, o sector residencial com 15% e os serviços com 12%. Especificamente, em relação ao petróleo, o sector dos transportes é o mais dependente (consome 60% do total) e será o que mais sofrerá com o choque petrolífero.

P: O que poderemos, então, fazer?
R: Apostar mais na eficiência energética, por muitos analistas considerada o “nono passageiro” (tendo em conta que os outros oito são: petróleo, gás, carvão, nuclear, biomassa, solar, eólica e outras renováveis) desta corrida contra o tempo.

Observação: Questionário e respostas com o apoio de Luis de Sousa e Pedro de Almeida, da ASPO Portugal.


(Retirado daqui.)

Postais de viagem - Veneza

Um dos muitos canais


Pormenor de uma igreja*


Praça de San Marco durante o pôr-do-sol


Ponte dos suspiros


*Agradeço aos leitores que me dêem uma ajuda a identificar a igreja...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ah leão!

Qual Manuela Moura Guedes qual quê, o melhor jornalista/entrevistador da TV nacional entra-nos pela casa dentro todos os dias pelas 21h na SIC-Notícias e dá pelo nome de Mário Crespo. Acabou de dar uma lição de jornalismo e classe na entrevista à Secretária de Estado Ana Paula Vitorino, a todos os que quiseram (ou puderam) ver. Lamentável toda a situação pois parece que os Estudos de Impacte Ambiental são só para inglês ver, e também a postura da Sec. de Estado.

Deixo também a palavra a quem escreve estas coisas bem melhor do que eu:

"Está em curso outra grande entrevista de Mário Crespo na SICN, grelhando a fogo lento uma Secretária de Estado dos Transportes, a querer tomar-nos como parvos, e a dizer coisas de grande gravidade num estilo arrogante, subsidiário do do Primeiro-ministro. Ela foi lá para controlar os danos de uma entrevista de Sócrates em que este meteu os pés pelas mãos e errou. A uma dada altura, afirmou que um problema ambiental que vai existir com a linha do TGV, já não era tão importante assim, até porque já lá havia um olival clandestino. Crespo perguntou-lhe de quem era a responsabilidade pelo olival e a senhora irritada disse "de quem o plantou". E Crespo, e bem, indignou-se suavemente dizendo que o primeiro responsável era o Estado, o governo. E continua, com pérolas como esta "o que é mais importante, um alentejano ou as abetardas"?"

(José Pacheco Pereira, no Abrupto)

domingo, 1 de junho de 2008

Feira do Livro

Aproveitei o bom tempo de hoje à tarde para dar um saltinho ao Parque Eduardo VII e espreitar a edição deste ano da Feira do Livro. Deu para ver metade (que estas coisas são para ver com calma e o número de stands é enorme) e para trazer algumas pechinchas debaixo do braço:

  • Girls in Bikinis de Pedro Paixão (por 2€, um verdadeiro achado!)
  • O Fim do Petróleo de James Howard Kunstler (tema cada vez mais actual)
  • Boca do Inferno de Ricardo Araújo Pereira (este com direito a autógrafo do próprio RAP, que andava por ali)
  • Invista e Fique Rico de Joel Greenblatt (há que fazer pela vidinha, não é?)
Como curiosidade, deixo aqui o meu depoimento em relação ao stand da famigerada Leya: não me chocou absolutamente nada, pois está bastante apelativo e facilita a a vida aos leitores (junta-se todos os que se quer e paga-se no fim, tipo supermercado). Não percebo mesmo porque houve tanta polémica. No entanto não há bela sem senão: não é que foi este o único stand em que não consegui efectuar o pagamento por multibanco? Logo no mafarrico capitalista que tanto irritou a APEL e José Saramago?

Para a semana há mais.